Do Football ao Futebol


O futebol chegou ao Brasil na última década do século XIX, trazido por marinheiros ingleses, tripulantes do navio “Crimeira”, que jogaram futebol num terreno da rua Paissandu; há indícios de que as primeiras partidas foram no Colégio São Luís de Itu por volta de 1872, introduzido por um sacerdote; outras versões citam a cidade de Jundiaí, em São Paulo, como a pioneira, em 1882.

Oficialmente, o futebol foi trazido em 1894 por Charles Miller, brasileiro filho de ingleses, que estudou na Inglaterra e jogou futebol na cidade de Southampton. Trouxe da coroa britânica, dois jogos de uniformes, as regras e duas bolas de couro para jogar em São Paulo. Promoveu o primeiro jogo de futebol no Brasil entre dois times feitos com funcionários da Companhia de Gás e da São Paulo Railway. No Rio de Janeiro, o futebol foi trazido por Oscar Cox em 1896, sendo que em 1900 haviam apenas três times jogando o futebol: o Rio Cricket & Association, o Paissandu Cricket Association e o Fluminense “Team”.

A partir da introdução do futebol nos portos e entre operários de fábricas inglesas no Brasil, este esporte se popularizou e, em poucos anos, já era largamente praticado em todo o país.

Em 1902, os paulistas realizam o primeiro campeonato de futebol. Neste mesmo ano é fundado o Fluminense Futebol Clube fazendo um intercâmbio entre as duas cidades. Uma dissidência do Fluminense em 1911, criaria o Clube de Regatas Flamengo, com quase todos os melhores jogadores da época, mesmo assim perderia a partida com o Fluminense, com os jogadores que ficaram. No inicio, o futebol era um esporte amador muito apreciado pela elite que só inglês grã-fino e branco jogava nos clubes. Os pobres do começo do século, que não tinham dinheiro para comprar meias e calções importados, nem pra pagar ingressos, espiavam as partidas por cima do muro ou então se contentavam em bater uma bola nas ruas e nos terrenos baldios.

Entretanto, da década de 30 em diante as coisas começam a mudar de figura. O futebol começa a tornar-se profissional. Os clubes aumentam em número e em importância. Os craques do espetáculo futebolístico, como Fausto – que veio do Maranhão e era chamado de Maravilha Negra – e Leônidas da Silva – apelidado Homem-Borracha, o criador da “bicicleta” – levam a torcida ao delírio. E a elite, com a popularização desse esporte, o esquece, passando a preferir outras atividades “não contaminadas” pela massa. Preferindo os esportes amadores e caros. Abandonam o futebol e criam o tênis e o golfe, ou então o hóquei e pólo aquático, variações “nobres” do futebol.

No Brasil, entre 1920 e 1930, época da ascensão do futebol como esporte de massas, os sindicatos empreenderam campanhas junto aos operários no sentido de atraí-los e organizá-los em clubes de várzea. Os líderes sindicais sacaram o que estava acontecendo. Os patrões, para domesticar os trabalhadores, ajudavam-nos a formar clubes, dando uniformes e estimulando a atividade esportiva. Segundo os líderes operários, através do futebol, os patrões faziam a cabeça dos operários, mantendo-os sob o seu controle.

Após 1930, quando o Brasil foi se industrializando, e as cidades foram ganhando maior importância, o futebol tornou-se uma paixão popular. Estádios cada vez maiores foram construídos. O preço do ingresso criou torcidas apaixonadas. O rádio, criado em 1922, divulgou cada vez mais o esporte. Em 1938, surge um órgão oficial para representá-lo, controlado por pessoas ligadas à ditadura do Estado Novo, de Getúlio Vargas. Daí em diante, qualquer presidente da República poderia mandar em campo. Em 1970, em plena repressão aos opositores da Ditadura Militar, a seleção conquistava o tricampeonato mundial. O general Garrastazu Médici posava ao lado da seleção canarinho, com a bola no pé. O Brasil tornara-se o “país do futebol”.

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