Paixão Pela Bola


Desde a pré-história, o homem sempre chutou objetos redondos para se divertir. Bicudando pedras, frutas e até mesmo crânios, uma paixão de anos.

Dando o Sangue

No século V a.C, segundo os eruditos chineses Tao-tsé e Yang-tsé, os integrantes do exército do imperador treinavam jogando o tsu-chu, um jogo parecido com o futebol. A bola era feita de couro tratado a seco, recheado de crina, pelos grossos, pedaços de madeira e vários tipos de vegetais resistentes, como o bambu. Num campo quadrado, os soldados dividiam-se em dois grupos de oito e o jogo consistia em disputar a bola – sem deixá-la cair no chão – com atitudes mais ou menos violentas, utilizando basicamente as mãos, mas sem descartar os pés. O objetivo era passar a bola por cima de um fio de seda esticado entre duas estacas (atual meta). Há uma mistura de história e lenda que relaciona a bola com um pesado castigo para os soldados: quando cometiam um erro, os oficiais os obrigavam a correr e fazer a bola girar com pés, se perdessem o domínio da bola, perdiam a vida.
No Japão, existia um jogo chamado kemari, com finalidade de entretenimento e confraternização, utilizando uma bola de couro de 22cm de diâmetro, cheia de detritos orgânicos. No kemari, também era permitido o uso das mãos e dos pés. O campo media 20m de cada lado, e em cada canto existiam árvores simbolizando a cultura japonesa; ao noroeste, um pinheiro para representar a virtude, no nordeste, uma cerejeira representando a amizade, no sudoeste, uma amendoeira representava a fraternidade, e no sudeste, um salgueiro para representar a cortesia.
A história da Grécia mostra que a bola foi usada em diversos esportes, apesar de modalidades com bola nunca terem sido incluídas nos jogos olímpicos da antiguidade. Um desses jogos era o epyskiros, e nele a bola era chutada com os pés, lógico. No início, o tamanho da bola variava em três categorias: as do tamanho do punho humano, do tamanho de uma cabeça e as do tamanho de um tórax. Foram os gregos que inventaram uma bola mais eficaz e sem recheio. Tratava-se de uma bexiga de porco vazia, seca e cheia de ar. Na Odisseia, Homero menciona a prática de jogos com bola. Sófocles também, em sua peça As Taquinianas, faz a paródia de um jogo no qual se utilizam as mãos e uma bola.

Holigans Ancestrais

Reza a lenda que, o futebol tal como o conhecemos, nasceu no início do século XI quando houve uma tentativa de desembarque de vikings às margens da Inglaterra, perto de Kingston-on-Thames. Os habitantes ingleses do local derrotaram os invasores, capturaram o chefe destes e o decapitaram, usando a cabeça como bola do jogo. A partida só terminou quando a cabeça ficou completamente desintegrada.
Ainda no século XI, durante festividades, organizavam-se partidas com até 200 jogadores, que perseguiam a bola em meio a gritos e empurrões, geralmente terminadas devido a confusões generalizadas e brigas ferozes. O esporte logo adquiriu grande popularidade entre todas as classes, mas era extremante violento.

Panis et Calcio

No século XV, um poeta anônimo de Florença cantou a paixão provocada por um jogo, chamado calcio. Os políticos florentinos, com a astúcia que os tornou célebres, logo descobriram que o jogo tinha a virtude de ser uma válvula de escape muito eficaz para os cidadãos quando as crises econômicas e sociais se tornavam insuportáveis.
Inicialmente, o calcio consistia em um enfrentamento entre dois grupos de tamanho variável. Os grupos podiam ter 20, 30 ou 40 jogadores cada um, dependendo do espaço disponível para a realização do jogo. Após serem fixadas as regras, em 1580, as equipes normais tinham 27 jogadores com a seguinte formação: 15 atacantes alinhados em forma de flecha, cinco jogadores de meio de campo, quatro na linha de ataque e três na defesa. A comissão de arbitragem era composta de seis árbitros que ficavam em uma tribuna lateral. Mesmo com toda essa organização, a partida geralmente se transformava em uma batalha, pois os regulamentos permitiam chutes, empurrões e socos.

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